Eu vivo fazendo isso porque penso a mesmíssima coisa. E ainda tem um outro fato: quero ser lida.
Quando faço conteúdo exclusivo, estou cedendo à exclusividade e não concordo com ela. Exclusividade para quem pode pagar é algo que não deveria existir, mas a gente sabe que é um atrativo marqueteiro para atrair pagantes. O público foi treinado desse jeito.
Cabe a nós fazer o que acreditamos e desobedecer. Acredito demais na desobediência 💖
Também acredito demais na desobediência amiga, ela tem o poder de expandir olhares e muitas vezes mostrar que o "sempre foi assim" talvez não faça tanto sentido assim e podemos fazer diferente e o diferente pode ser muito melhor pra muita gente. Desobedecemos, sempre!!
Nossa, sua carta conversou tanto comigo! Tenho pouquíssimos leitores mas decidi na cara de pai pedir uma contribuição assim, no molde de conteúdo aberto mesmo, ainda sem saber se era certo porque zero conteúdo extra. Lancei no mundo. Uma pessoa me mandou uma doação, e eu fiquei tão tão feliz! Como assim tem gente que nosso trabalho vale dinheiro? (A gente é besta né. Claro que vale. O trabalho de todo mundo vale). Acho que tudo que consegue quebrar de alguma forma essa lógica capitalista vale a pena. Você descreveu bem como deveria ser. Pago porque não quero que você nem o que você faz desaparecem. Isso tem lá a sua beleza. Abraços!
Ver a escrita como trabalho já é por si só um grande passo né. Falar sobre o pagar é muito tabu ainda e confesso que fiquei receosa de expor este incomodo e fico realmente feliz em encontrar pessoas que veem nesta fala sentido e que querem, assim como eu, dar umas subvertidas nesse sistema que tanto nos explora.
Nossa, super me identifico. Também tenho dificuldade em aceitar esse "agrado". Aliás, gostei de ver aqui nos comentários outras pessoas passando pelo mesmo. Não estamos sós.
amei o texto, Ana! realmente é difícil vencer essa parte da vergonha ou da insegurança de ver o nosso trabalho com a escrita como algo que pode também nos render condições financeiras para além da partilha da leitura (mas é muito necessário) <3 obrigada por ter compartilhado palavras tão poderosas! um beijo e boa semana
Oi Pri!! Obrigada por vir aqui partilhar sua visão do texto, é um tema um tanto quanto espinhoso né, mas necessário de ser discutido. Beijo grande em você ❤️
Nossa. Ana... que texto! Será que agora eu tomo coragem para me apropriar da mesma ideia que dei para uma autora e que ela não só adorou como a adotou? Sobre deixar em aberto uma chave de pix, à vontade da pessoa, caso ela sinta e queira contribuir com algum valor pelo o que ela consumiu da nossa escrita. Acontece que quando me vem esse pensamento de “será?”, logo eu seguida chega outro: “Mas quem sou eu na fila do pão?”. É um impasse, ainda mais quando você é “nova” no lugar, e aqui uso a mim mesma como exemplo na plataforma. Será que devo adicionar no final dos meus textos essa possibilidade de receber alguma quantia pelo o que foi lido, pelo o que eu escrevi? Ah, ainda não sei, mas gostei do incômodo que o seu texto me trouxe em pensar novamente sobre o assunto.
Além de deixar o leitor livre para o que ele pode contribuir, não haverá distinção de conteúdos. “X texto para inscritos geral e Y para assinantes”. Não aponto quem faça desse modo, claro, até porque tem que fazer sentido para a nossa vida, de acordo com o que acreditamos.
Enfim. Trouxe esses questionamentos aqui porque eles foram provocados pelo seu texto, e eu te agradeço, querida. ❤️
Quando falamos em pagar pela escrita de alguém entram muitas questões né, a começar pelo fato de que somos ensinados que escrita não é trabalho, portanto, não merece remuneração, esta parte acredito eu que seja uma das mais difíceis de se transpor, inclusive a meu ver, é um dos fatores para nos fazer sentir esta inadequação, este "quem sou eu na fila do pão", afinal, a gente paga para quase tudo nessa vida, então porque quem escreve algo que chega até nós de forma a gerar reflexão não deveria receber?
Eu amo esse livro da Amanda, e eu amei essa reflexão que você trouxe aqui. Parafraseando a Tássia: eu também acredito demais na desobediência. Vai com tudo, Ana!
Não conhecia ela e já sou apaixonada (e quero ler o livro que certamente é muito mais abrangente que o TED). Falar sobre o pedir na arte se tornar isto uma mendicância é de uma beleza gigante. Valorizar trabalhos que proporcionam coisas que vão além da valorização que o capital dá, é sobre isso e estou firme na desobediência, que muitos estejam junto comigo nessa !! Obrigada Roberta!!
Tem mais de um ano que encerrei essa modalidade de "produto" nas minhas produções, e foi nesse espírito de se eu não puder viver do jeito que me convém dentro das minhas próprias criações onde eu vou conseguir?
Realmente é um modelo que não me satisfaz - nem como criadora, nem como leitora. Entendo de onde ele vem, e é difícil demais viver de apoios - falo com propriedade, esse é o meu único trabalho, minha renda hoje vem daí (e não, não é suficiente, não tenho independência financeira, e tenho que bancar isso também). Mas não estou disposta a ficar escrevendo sobre cozinhar outras ideias de vida enquanto faço mais do mesmo, e que não serve pra mim. Não tenho ideia se quem está trabalhando com a produção escrita como produto está mais feliz, mais rico, mais confortável em dizer pros outros ei é isso que eu faço e esperar reconhecimento. A verdade é que eu não estava, e é injusto que eu não pudesse fazer algo partindo desse sentimento, assim como você está fazendo.
Lendo seu comentário penso que o sistema está o tempo todo tentando acabar com a real satisfação de algo que um artista produz. Tudo tem que ser um produto, ao passo que é um árduo caminho para fazermos as pessoas verem nosso trabalho como trabalho. Nisso a gente se perde, perde o propósito e tudo vira mercadoria. Quero (e preciso) ser remunerada por este trabalho aqui, mas quero tanto quanto ver sentido nele e me conectar com as pessoas, encontrar no outro o mistério da escrita e suas tantas bifurcações.
Cê foi na síntese desse gargalo agora: como é difícil fazer verem isso como trabalho, ao mesmo tempo que a gente não quer e não deveria precisar transforma o que fazemos em produto. Carregarei pra vida 💚
A lógica da funcionalidade do sistema nos faz acreditar que só é útil aquilo que nos traz vantagem, aí vem a gente escrevendo aqui, gerando muitas reflexões coletivas e isso no que nos é tradicional não parece um trabalho né, quebrar essa lógica é uma trabalheira por isso que acho que a gente tem que falar e muito disso, até fazer sentido e falar sobre remuneração não é necessariamente tornar um produto, porque a gente não quer vender, queremos o coletivo e no coletivo a gente ajuda quem nos oferta algo.
Amiga, que texto lindo, me emocionou. Neste quesito você é sempre uma grande inspiração pra mim: "cobre pelo seu trabalho, mulher". Mas ao mesmo tempo, permitindo que outros que não podem (ainda) colaborar também possam desfrutar da tua escrita.
Obrigada amiga!! Precisamos cobrar pelo nosso trabalho, é justo. Mas não queremos perder o propósito dele no meio do caminho e a conexão com quem nos quer ler é fundamental. Sigamos, distribuindo nossas palavras e recebendo de quem puder pagar por elas...
Eu vivo fazendo isso porque penso a mesmíssima coisa. E ainda tem um outro fato: quero ser lida.
Quando faço conteúdo exclusivo, estou cedendo à exclusividade e não concordo com ela. Exclusividade para quem pode pagar é algo que não deveria existir, mas a gente sabe que é um atrativo marqueteiro para atrair pagantes. O público foi treinado desse jeito.
Cabe a nós fazer o que acreditamos e desobedecer. Acredito demais na desobediência 💖
Também acredito demais na desobediência amiga, ela tem o poder de expandir olhares e muitas vezes mostrar que o "sempre foi assim" talvez não faça tanto sentido assim e podemos fazer diferente e o diferente pode ser muito melhor pra muita gente. Desobedecemos, sempre!!
Concordo demaaaaais contigo, Tassia!
Nossa, sua carta conversou tanto comigo! Tenho pouquíssimos leitores mas decidi na cara de pai pedir uma contribuição assim, no molde de conteúdo aberto mesmo, ainda sem saber se era certo porque zero conteúdo extra. Lancei no mundo. Uma pessoa me mandou uma doação, e eu fiquei tão tão feliz! Como assim tem gente que nosso trabalho vale dinheiro? (A gente é besta né. Claro que vale. O trabalho de todo mundo vale). Acho que tudo que consegue quebrar de alguma forma essa lógica capitalista vale a pena. Você descreveu bem como deveria ser. Pago porque não quero que você nem o que você faz desaparecem. Isso tem lá a sua beleza. Abraços!
Ver a escrita como trabalho já é por si só um grande passo né. Falar sobre o pagar é muito tabu ainda e confesso que fiquei receosa de expor este incomodo e fico realmente feliz em encontrar pessoas que veem nesta fala sentido e que querem, assim como eu, dar umas subvertidas nesse sistema que tanto nos explora.
Que demais, Lilian! Amei seu relato!
Aaaah 🥰🥰🥰
Nossa, super me identifico. Também tenho dificuldade em aceitar esse "agrado". Aliás, gostei de ver aqui nos comentários outras pessoas passando pelo mesmo. Não estamos sós.
Não estamos sós e isso é muito bom!! ❤️
amei o texto, Ana! realmente é difícil vencer essa parte da vergonha ou da insegurança de ver o nosso trabalho com a escrita como algo que pode também nos render condições financeiras para além da partilha da leitura (mas é muito necessário) <3 obrigada por ter compartilhado palavras tão poderosas! um beijo e boa semana
Oi Pri!! Obrigada por vir aqui partilhar sua visão do texto, é um tema um tanto quanto espinhoso né, mas necessário de ser discutido. Beijo grande em você ❤️
Que lindo relato, Ana! ❤️
obrigada Gabi!!
Nossa. Ana... que texto! Será que agora eu tomo coragem para me apropriar da mesma ideia que dei para uma autora e que ela não só adorou como a adotou? Sobre deixar em aberto uma chave de pix, à vontade da pessoa, caso ela sinta e queira contribuir com algum valor pelo o que ela consumiu da nossa escrita. Acontece que quando me vem esse pensamento de “será?”, logo eu seguida chega outro: “Mas quem sou eu na fila do pão?”. É um impasse, ainda mais quando você é “nova” no lugar, e aqui uso a mim mesma como exemplo na plataforma. Será que devo adicionar no final dos meus textos essa possibilidade de receber alguma quantia pelo o que foi lido, pelo o que eu escrevi? Ah, ainda não sei, mas gostei do incômodo que o seu texto me trouxe em pensar novamente sobre o assunto.
Além de deixar o leitor livre para o que ele pode contribuir, não haverá distinção de conteúdos. “X texto para inscritos geral e Y para assinantes”. Não aponto quem faça desse modo, claro, até porque tem que fazer sentido para a nossa vida, de acordo com o que acreditamos.
Enfim. Trouxe esses questionamentos aqui porque eles foram provocados pelo seu texto, e eu te agradeço, querida. ❤️
Quando falamos em pagar pela escrita de alguém entram muitas questões né, a começar pelo fato de que somos ensinados que escrita não é trabalho, portanto, não merece remuneração, esta parte acredito eu que seja uma das mais difíceis de se transpor, inclusive a meu ver, é um dos fatores para nos fazer sentir esta inadequação, este "quem sou eu na fila do pão", afinal, a gente paga para quase tudo nessa vida, então porque quem escreve algo que chega até nós de forma a gerar reflexão não deveria receber?
Eu amo esse livro da Amanda, e eu amei essa reflexão que você trouxe aqui. Parafraseando a Tássia: eu também acredito demais na desobediência. Vai com tudo, Ana!
Não conhecia ela e já sou apaixonada (e quero ler o livro que certamente é muito mais abrangente que o TED). Falar sobre o pedir na arte se tornar isto uma mendicância é de uma beleza gigante. Valorizar trabalhos que proporcionam coisas que vão além da valorização que o capital dá, é sobre isso e estou firme na desobediência, que muitos estejam junto comigo nessa !! Obrigada Roberta!!
Tem mais de um ano que encerrei essa modalidade de "produto" nas minhas produções, e foi nesse espírito de se eu não puder viver do jeito que me convém dentro das minhas próprias criações onde eu vou conseguir?
Realmente é um modelo que não me satisfaz - nem como criadora, nem como leitora. Entendo de onde ele vem, e é difícil demais viver de apoios - falo com propriedade, esse é o meu único trabalho, minha renda hoje vem daí (e não, não é suficiente, não tenho independência financeira, e tenho que bancar isso também). Mas não estou disposta a ficar escrevendo sobre cozinhar outras ideias de vida enquanto faço mais do mesmo, e que não serve pra mim. Não tenho ideia se quem está trabalhando com a produção escrita como produto está mais feliz, mais rico, mais confortável em dizer pros outros ei é isso que eu faço e esperar reconhecimento. A verdade é que eu não estava, e é injusto que eu não pudesse fazer algo partindo desse sentimento, assim como você está fazendo.
Lendo seu comentário penso que o sistema está o tempo todo tentando acabar com a real satisfação de algo que um artista produz. Tudo tem que ser um produto, ao passo que é um árduo caminho para fazermos as pessoas verem nosso trabalho como trabalho. Nisso a gente se perde, perde o propósito e tudo vira mercadoria. Quero (e preciso) ser remunerada por este trabalho aqui, mas quero tanto quanto ver sentido nele e me conectar com as pessoas, encontrar no outro o mistério da escrita e suas tantas bifurcações.
Cê foi na síntese desse gargalo agora: como é difícil fazer verem isso como trabalho, ao mesmo tempo que a gente não quer e não deveria precisar transforma o que fazemos em produto. Carregarei pra vida 💚
A lógica da funcionalidade do sistema nos faz acreditar que só é útil aquilo que nos traz vantagem, aí vem a gente escrevendo aqui, gerando muitas reflexões coletivas e isso no que nos é tradicional não parece um trabalho né, quebrar essa lógica é uma trabalheira por isso que acho que a gente tem que falar e muito disso, até fazer sentido e falar sobre remuneração não é necessariamente tornar um produto, porque a gente não quer vender, queremos o coletivo e no coletivo a gente ajuda quem nos oferta algo.
Amiga, que texto lindo, me emocionou. Neste quesito você é sempre uma grande inspiração pra mim: "cobre pelo seu trabalho, mulher". Mas ao mesmo tempo, permitindo que outros que não podem (ainda) colaborar também possam desfrutar da tua escrita.
Obrigada amiga!! Precisamos cobrar pelo nosso trabalho, é justo. Mas não queremos perder o propósito dele no meio do caminho e a conexão com quem nos quer ler é fundamental. Sigamos, distribuindo nossas palavras e recebendo de quem puder pagar por elas...