A criatividade na minha vida é um voto #05

Amanhã,
Sabe aquele livro que você acha que vai detestar e no final, quando lê a última linha percebe que ele estava te esperando há muito tempo. Pois bem, foi essa à sensação que tive quando terminei de ler o livro Grande Magia – Vida criativa sem medo, da Elizabeth Gilbert.
Estava um tanto quanto receosa de ler, embora ele fale grosso modo sobre criatividade, é considerado por muitos um livro de autoajuda e eu particularmente não sou muito fã desse tipo de leitura. Logo no inicio percebi que não seria esse tipo de leitura pra mim, mas histórias e visões de mundo que me lembrariam do quão precisamos esperançar, ver a beleza da vida que mora nos detalhes, naquilo que ninguém costuma olhar. E esperançar é algo que me nutre então me joguei na Grande Magia.
Elizabeth fala sobre as coincidências da vida, situações que parecem o acaso, mas que, se olhar bem de pertinho, consegue ver a mágica acontecendo. Talvez pense que isso está parecendo papo de fada, bicho grilo, mas coisas sem explicação acontecem com mais frequência do que podemos observar. Ela me fez lembrar muitas coisas do passado, aquelas que talvez tivessem me levado a ser hoje alguém tão diferente, caso não tivessem acontecido.
Clichê? Talvez. No livro de crônicas que estou escrevendo narro várias dessas histórias, coisas que aconteceram de forma tão misteriosas que não teria outra coisa a dizer se não a magia acontecendo. Acredito fielmente que coisas boas podem acontecer e que coisas fantásticas, também.
Antes que pare de ler essa carta no meio porque está achando muito papo “é só querer que consegue”, já afirmo que definitivamente não acredito nisso. Mistérios do acaso não andam ao lado de esforço, são aleatoriedades que acontecem sem ter um ser humano sequer que traga a fórmula exata que explique aquilo. Certamente que muitas coisas precisam da ação para ocorrer o movimento, mas dizer que qualquer pessoa consegue o que quiser se houver esforço o bastante é de uma mentira sem tamanho, e também cruel.
O que mais me tocou durante a leitura foi a sinceridade da autora sobre os processos criativos e a vida prática que os rodeiam. Acreditar no seu trabalho e no seu potencial não quer dizer que o que almeja vá realmente acontecer, se esforçando, muito menos, mas nem por isso vai deixar de fazer aquilo que te inspira porque a certeza não existe. A certeza não existe pra nada nessa vida, nós só nos esquecemos disso. O fazer é o caminho e mesmo que não chegue onde pretendia chegar, o trajeto há de valer também como realização.
Estar preparado para a recusa e frustração é tão importante quanto acreditar na vitória. Difícil né? Ninguém gosta de perder, ser recusado, mas estamos sempre sujeitos a isso e lutar contra essa possibilidade talvez seja desperdício de energia. Muitas vezes uma recusa hoje é exatamente o que te leva a alcançar no futuro o que tanto queria, ou te mostra que o que você achava que queria não era exatamente aquilo. Vai saber.....
Enfim, falar sobre os acasos da vida é algo que realmente me aquece o coração, sei que você já está por dentro de muitos dos acontecimentos que estão por vir e que eu ainda não faço ideia de que irão acontecer e talvez até esteja rindo dessa minha lengalenga aqui sobre passado, futuro e a criatividade, mas é o que temos para hoje amanhã.
Para finalizar, gostei muito da forma como Elizabeth tirou o romance colocado sob a criatividade, ter uma vida criativa não necessariamente implica em ser uma pessoa que trabalha com algum tipo de arte, qualquer pessoa pode vivenciar a criatividade em sua vida, pois ela está conectada ao olhar que se tem para o que quer viver e como colocar em prática coisas que lhe nutrem enquanto ser humano, o que pode ser um hobby, um trabalho, uma prática de cuidado ou simplesmente tudo, pois a criatividade pode ser o que te move para o todo que lhe rodeia.
A criatividade na minha vida é um voto, que fiz para não me esquecer de mim. Toda vez que tento me convencer que a criatividade não mais me habita, chamo-a para um café, daqueles bem fraquinhos e sem açúcar que só eu sei fazer. Conversamos sem pressa, sobre o que me toca, me move e me faz escrever. Um longo abraço, criatividade sussurra em meu ouvido “quando achar que me perdeu, me procure em suas palavras, eu estarei lá”.
Como a criatividade está presente em sua vida?
Me conta.
Com amor e curiosidade,
Ana.