Cartas para o amanhã

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Amanhã, é meu aniversário #52

anamargonato.substack.com

Amanhã, é meu aniversário #52

Ana Margonato
Feb 10, 2022
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Amanhã, é meu aniversário #52

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Amanhã,

Amanhã, é meu aniversário. 36 anos da minha chegada neste planeta, neste corpo, nesta vida. Tenho buscado certos rituais já fazem alguns anos. Inconscientemente. No período que antecede meu aniversário eu tenho me recolhido, refletido sobre a vida, o que quero, o que não faz mais sentido. Os não e sim que desejo falar. Acho que muita gente faz isso ou algo parecido. Eu não sei exatamente quando isso começou comigo, só sei que não foi programado, e tem sido bom.

Além deste clima mais introspectivo, tenho sentido quase que um chamado da natureza. Ano passado passei meu aniversário em uma cachoeira maravilhosa perto de casa. Este ano, senti que deveria voltar a minha origem, onde tudo começou. Sem programação prévia, resolvi viajar para a casa dos meus pais que, por coincidência (ou não) é no meio do mato. Cá estamos, eu e Isis, em contato direto com a natureza, com a minha história, com as minhas raízes.

Acredito que a vida muitas vezes nos intima para vivenciar certos processos que não nos dão muita explicação. É viver para sentir. Já vivi a fase que nada disso faria sentido. Que pensar que estava envelhecendo me deixava assustada e insegura. Tudo no seu tempo? Não sei. Acho que às vezes a gente muda, se abre para o novo e o resto, vai chegando no movimento que as mudanças geram.

Acho que entendi o chamado deste ano, ou estou em processo de. Muito além de estar perto da natureza. A vida me convidou a olhar minha criança. Através de mim, da minha filha e dos meus pais. É impressionante o quanto cabe na memória de um acontecimento e como cada pessoa vai gravar algo completamente diferente. Cada lente de um jeito. Pode parecer imperfeição, mas é só a vida se fazendo presente.

(Re)Significar. Acho que tem um pouco a ver com isso. Quando me tornei mãe passei a ver meus pais, algumas memórias e sensações de forma diferente. Senti mudar muita coisa e a humanidade que por vezes eu tinha dificuldade em ofertar a eles, se fez presente sem esforço. Dizem que a maternidade cura muitas dores da infância. Eu gosto de dizer que ela foi para-brisa para mim, continuei em movimento, algumas dores ainda me habitam, mas agora consigo enxergar melhor a estrada.

Ver Isis com meus pais alegra meu coração. São tantos os motivos. Uma criança com seus avós é algo bonito de se ver. Os avós não são mais quem um dia foram para a sua criança. Ver uma relação inédita sendo construída me soa como presente, daqueles que embrulho nenhum é capaz de ficar mais bonito que o presente em si. Eu olho tudo isso com as lentes da minha história. Em algum lugar ela parece ser reconstruída através desta nova visão, que está sendo escrita em tempo real, na minha frente.

Não sei se estou conseguindo me fazer entender. Como disse antes, estou em processo de encontrar qual mobilidade este encerrar de ciclo está me trazendo. O que vai, o que fica e o que chega. Eu sou do movimento. Pés no chão e olhar sempre na linha de chegada não é comigo. Eu faço paradas. Eu mudo a rota. Eu ando pisando alto. Eu volto umas casas e deixo lá o que levei e não quero mais.

Um novo ciclo se inicia e meu maior desejo é que eu não perca o encanto da mudança. Que não deixe de acreditar que a vida, ela tem seus momentos e sempre há de nos surpreender.

Com curiosidade e afeto,

Ana.

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