Oioi gente!
Cá estou, depois de um tempo sumida. Pensei em escrever sobre as razões do meu sumiço, mas isso seria praticamente um episódio de Desventuras em série. Entre risos e lágrimas, não iria restar muita coisa. Então chego aqui de fininho fingindo que vi todo mundo no almoço de domingo, combinado!?.
Ps I: Feliz em estar de volta!
Ps II: Tem bastante gente nova por aqui. Se acheguem e vem comigo.
Amanhã,
Quando li Elena Ferrante pela primeira vez tive uma espécie de êxtase. Como pode alguém criar personagens e histórias tão críveis e fascinantes assim? A identificação com o estilo dela foi instantânea. Conheci Lila e Lenu logo após meu divórcio, momento em que estava um tanto quanto fissurada em estudar as relações humanas. Mais especificamente as relações que requerem um grau de intimidade.
De certa forma fiquei aliviada em dar um tempo da minha outra obsessão literária, a morte. Não demorou muito para entender que, na verdade, tudo se encontra. As relações, sejam elas amorosas ou de amizade, estão sempre se renovando, num eterno vida e morte, vida. Até que em algum momento para no morte, literal ou não.
Busquei na literatura um acalanto para minhas angústias. Neste ciclo renovatório das relações, muito se abandona e um tanto se (re)constrói. A Ana daquele relacionamento não mais existia e tive um certo estranhamento com minhas constatações. A admiração é a chave que conecta tudo. A forma como enxerga o outro é o que aproxima, ou afasta.
Lila e Lenu invejavam-se mutuamente. Assim como se admiravam em alta escala. A grande mistura de sentimentos dessa trama é o que nos faz grudar na história, até o fim. A inveja e admiração podem não só se aproximar, mas se fundirem e daí nascer sentimentos diversos e difíceis de nomear.
As pessoas mudam. As relações, só seguem o fluxo. O que chamamos de fim do amor, da amizade, é por vezes, o fim de uma característica que admirávamos no outro. Mudar é narrar uma nova versão de si. Por vezes amamos a imagem que criamos de alguém. Trocá-la pode ser uma bela (mu)dança ou o fim da música.
Coincidência ou não, após o término do meu relacionamento, fiz novas amizades. Muitas. Me aproximei de algumas a tempos distantes, mas principalmente, conheci novos mundos através do outro. Mas como transpor o estranhamento? Novas amizades a partir de uma recente versão minha é intrigante, pois me colocam num lugar de observadora da imagem que faço de quem acho que sou agora.
Transito entre a ignorância e a curiosidade. Por vezes acho belo o que vejo, em outras um certo desapontamento me invade. Padrões são mais difíceis de quebrar do que se imagina.
Mas há aí um ponto em comum: Tenho perdido o interesse nas imagens fixas de mim ou do outro. A mudança acontece, independente da vontade. Observá-las como quem tenta se desprender de dogmas injetados desde sempre nas artérias me parece uma forma interessante de driblar aquilo que sempre me sufocou.
Lila e Lenu mudaram tanto que ao final da trama fica difícil distinguir se você ama ou odeia. Amar odiando. Talvez seja este sentimento que chamamos muitas vezes de angústia. Amar certas características que adquirimos no decorrer da vida, odiar algumas que insistem em ficar. No meio disso tudo, mais mudanças e o amor e o ódio se transformam em outra coisa, ainda não nomeado.
Continuo minha saga por entender melhor as relações humanas. Entre admiração, amor, ódio, angústias, muitas, tem sempre um universo do não saber submergindo tudo. E eu, ainda estou aprendendo a nadar.
Com curiosidade e afeto,
Ana
Por onde andam meus neurônios….
*Tenho vivido uma certa ressaca literária, mas sigo tentando manter o fluxo de leituras minimamente “andando”. No momento, lendo Escrever é muito perigoso, da Olga Tokarczuk e Livro do desassossego, Fernando Pessoa.
*Assisti umas coisas bem bobas ultimamente, mas entre elas, algo potente como Eu, Tonya. Me apaixonei pelo jeito que a história foi contada. A forma como se conta uma história é parte dela.
O beijo de Robert Walser, já leram?
A escrita da
é sempre interessante. Esta edição tem muito a ver com minha visão de mundo.A
é uma brincante das palavras e este texto reflete tanto isso…Como podem ter observado, não trabalhamos com novidades quentes. Ler livros, assistir filmes etc que já saíram da trend é uma especialidade da casa.
Mando cartas para o amanhã, enquanto revisito o ontem, na tentativa de abocanhar o mundo que segue na pressa, um tanto mais.
Até breve!
Estava com saudade <3
ah que delicia escutar você de novo 💜