Cartas para o amanhã - Agosto, o mês do cachorro louco # 30

Amanhã,
 
Não sei se é do seu conhecimento, mas o mês de agosto é popularmente chamado de “mês do cachorro louco”, não apenas em cidades pequenas como a que eu cresci, mas também em outros países e culturas. Agosto é tido como o mês mais longo, mais conturbado e trágico.

Parte destas lendas se deram por acontecimentos diversos ao redor do mundo, aqui no Brasil, por exemplo, o mês é considerado do cachorro louco porque o número de cadelas no cio costuma ser maior e consequentemente o comportamento dos machos passa a ser mais raivoso. Lá no interior do interior (minha terra), associa-se também ao mês em que o lobisomem, que nada mais é que a lenda de um homem que se transforma em cachorro, também estaria mais raivoso e mais suscetível a aparições e consequentes tragédias.

A fama de mês de má sorte foi sendo construída no decorrer da história mundial. Os antigos romanos, por volta do século 1, acreditavam que neste mês do ano um dragão surgia no céu e cuspia fogo. Na verdade, a aparição era da constelação de leão, que fica mais visível nesta época do ano. Muito tempo depois, surgiu em Portugal, a lenda do “mês do desgosto”, a partir da crença de que “casar em agosto traz desgosto” já que este costumava ser o mês que as caravelas costumavam partir em busca de novas terras a invadir, e os casais que haviam acabado de se casar acabavam passando muito tempo sem se ver ou se quer se encontravam novamente.

Muitos acontecimentos históricos trágicos ocorreram também em agosto. O início da primeira guerra mundial, a ascensão de Hitler ao cargo de führer, o ataque em Hiroshima. Celebridades como Marilyn Monroe, Elvis Presley e Diana Spencer, princesa de Gales morreram neste fatídico mês. Aqui no Brasil, eventos como o suicídio de Getúlio Vargas e a morte de Juscelino Kubitscheck em um acidente automobilístico também ocorreram neste mês do ano.

Dizem os astrólogos e adeptos de várias religiões que agosto é um mês de energia conturbada, tempo de se colher o que plantou, após o “balanço” do ciclo que se encerrou em julho, o sétimo mês do ano.

Longe de mim ser a pessoa que acredita em tudo, mas também não sou aquela que não acredita em nada. Talvez eu seja o caminho do meio, não sei. Tenho a ciência como uma grande aliada e acredito muito nela, mas também já vivenciei coisas que a ciência não explica, então, ali no meio, acho que é onde estou.

E antes que me indague porque cargas d’agua estou falando de mês do cachorro louco, calma que eu já vou explicar.

Essas últimas semanas tem sido uma loucura por aqui, ao menos mais do que o normal, Isis tem estado muito irritada, agitada. Para eu conseguir escrever esta carta levei mais de três dias, para ter uma ideia. Conversando com o marido sobre a sanidade mental que ainda me resta, ele disse que este mês era o mês do cachorro louco. Fazia tanto tempo que não ouvia esta expressão que na hora caí na gargalhada, até imaginei minha filha como uma cachorrinha bem doida, combinaria com o momento, eu diria.

Após rirmos da situação, já que chorar não iria ajudar mesmo, fui pesquisar sobre e encontrei esse monte de coisas que lhe contei. Se eu acredito? Olha, sei não. Acho que se a gente buscar eventos catastróficos em demais meses pode ser que encontre uma lista bem extensa de eventos nada bons também. O cio das cadelas deve ter uma explicação hormonal ao algo do tipo que algum veterinário possa explicar, enfim, talvez haja uma explicação lógica para muitos desses eventos, mas que agosto se esforçou pela fama, isso não posso negar.

Só sei que, lenda ou não, aqui o mês tem sido longo, cansativo e um tanto quanto desmotivador. Mas também teve segunda dose de vacina e “unas cositas más” que alegraram meu coração, então, sendo um mês do desgosto ou não, do cachorro louco ou não, aqui estou, em pé, as vezes um pouco sentada, mas fazendo meu melhor. Mas, se quiser partir agosto, que se vá, sem mais delongas.

Me conta aqui. Seu agosto está sendo estilo cachorro louco ou por aí está tudo normal?

Com curiosidade e afeto,
 
Ana.



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