Cartas para o amanhã

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Cartas para o amanhã - De mim, não duvidei # 24

anamargonato.substack.com

Cartas para o amanhã - De mim, não duvidei # 24

Ana Margonato
Jul 8, 2021
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Cartas para o amanhã - De mim, não duvidei # 24

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Amanhã,
 
Dia desses escrevi um verso que dizia
 
Na dúvida
Duvidei daquilo
Que me parecia melhor duvidar
Entre tantas dúvidas
De mim
Não duvidei

 
Não me pergunte de onde surgiu o sentimento que gerou este verso porque duvido eu, me lembrar. Mas o que lhe trago aqui é a dúvida que gerei em mim mesma diante de tantas dúvidas, ou não. Me peguei por horas questionando “não duvida mesmo de si”? Não sei, me pareceu um pouco prepotente, e porque não, presunçoso de minha parte acreditar que acredito tanto assim em mim.  

Fiquei ruminando isso porque, ao que me recordo das minhas vivências nesse tanto de tempo que neste planeta estou, vivenciei surpresas agradáveis e outras nem tanto, para não dizer terríveis e, quando o negócio era acreditar em mim e na minha capacidade de lutar e superar obstáculos, eu sempre acreditei em mim. Me surpreendi quando constatei tal fato, logo eu, que nunca fui apresentada a auto estima pessoalmente, me vi companheira de mim mesma quando o negócio é acreditar.

Pode parecer exagero, mas a constatação dessa parceria me gerou sentimentos profundos, não é todo dia que alguém se declara seu apoiador na alegria e na tristeza e, quando esse alguém é você mesma, acredite, isso move o curso de alguns rios que lhe habitam e pode até fazer transbordar alguns riachos e cachoeiras.
Me vi mais forte, portadora de uma força invisível que aparentemente já estava ali há algum tempo, aguardando o dia que finalmente fosse notada. Senti sua fonte, como muitas vezes já havia sentido, mesmo sem saber que era dali que aquele petrificar de esperança e fé com olhos vendados surgiam e me faziam estabelecer o acreditar em momentos que esse sentimento parecia não mais caber.

Se encontrar com a força que lhe habita parece um daqueles encontros às cegas que entre a curiosidade e as borboletas no estomago, existe também o medo de não rolar a química necessária para, ao menos, uma conversa que lhe permita conhecer um pouco daquele ser estranho que se apresenta a sua frente. Entre o medo de não me encaixar e a vontade de me fundir a ela, resolvi lhe encarar e pedir que me mostrasse a sua origem e os seus segredos mais profundos.

Os segredos, não revelou, mas mostrou sua origem, um caminho longo, percorrido através da linha do tempo de muitas mulheres, das quais através do corpo, se fez presença e fortalecimento, aprendizado e convicção, unindo todo vigor acumulado daquelas que se fizeram acreditar, até chegar aqui, me presenteando com a crença daquelas que me antecederam.

Entendi porque as vezes é tão difícil decifrar de onde vem a fé cega, a sensação profunda de que é preciso em mim, acreditar. Entendi que nessa manta, da qual sou linha costurada junta a muitas outras neste imenso tear, acreditar em si é o movimento, que mexe as fileiras, rumo ao final da peça, que um dia pronta irá ficar, e aquelas que me sucedem, com sua inexplicável força, irá abraçar.

 
Com curiosidade e afeto,
 

Ana.


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Para ler as edições anteriores: https: //tinyletter.com/anamargonato/archive

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