Cartas para o amanhã - Futuros possíveis # 27

Amanhã,
 
A mistura entre o que eu sonho, as expectativas que crio e futuros realmente possíveis nem sempre dão certo por aqui. É um tal de muda daqui se adequa dali se frustra acolá que às vezes firmar os dois pés no chão e olhar para a realidade, como ela é, sem idealizações e sonhar a partir deste parâmetro parece tarefa difícil.

Sou uma pessoa muito sonhadora, adoro criar futuros imaginários que incluam coisas um tanto quanto impossíveis (ou que necessitaria de um toque sobrenatural para acontecer) e confesso que sou do time “e tem limite para sonhar é? ”. Mas também sou uma das muitas pessoas criadas na década de 90, com um total de zero aprendizado sobre como lidar com a frustração, então me pego pensando sobre meus sonhos, não há de haver limites, mas adequá-los para uma versão mais possível de se realizar, mais palpável, me parece hoje uma opção plausível.

Mas como criar esse critério? Esta é a minha reflexão do momento. Como saber o que seria um sonho plausível se do amanhã nada sei? Sonhar coisas que não precisam de ajuda sobrenatural me parece o óbvio, mas não estaria desta forma estipulando regras que me foram impostas a vida toda até para o sonhar?

Complexo né? Também acho, por isso resolvi divagar aqui com você que é para ver se olhando para as palavras postas no papel as ideias se fazem mais claras. Se tem uma coisa que venho aprendendo nesta vida é que respostas certas e prontas raramente existem e, até quando a gente acha que tem, pode ser mais uma dose de certezas que se desfazem mais rápido do que areia segurada entre os dedos.

Liberdade para sonhar já é item de luxo na sociedade atual, quem tem tempo para sonhar? Tempo é dinheiro e dinheiro, é para poucos. Na lógica do capitalismo quase ninguém sonha ou tem esse direito, então me parece um grande ato de rebeldia, subversão, sonhar, mais ainda sonhos nada plausíveis.

Longe de mim saber a resposta para esta questão (embora ache que a revolução seria um bom começo). Como disse antes, tenho passado longe das respostas fáceis, somos complexos, diferentes nas mais diversas acepções da palavra. Em uma sociedade tão plural, tão desigual, é muito difícil saber o critério ideal do sonhar, se é que existe.

Acredito nas pessoas, portanto, acredito que o sonhar é parte crucial na manutenção da vida humana para haver algo além do existir, algo que de alguma forma dê um mínimo de sentido para a nossa presença neste lugar, aqui, agora.

Quero acreditar que futuros possíveis são todos aqueles que cabem no peito de quem ousa sonhar.

Acredita junto comigo?


Com curiosidade e afeto,

Ana.


Essas cartas são e continuarão sendo gratuitas.
Se você gosta do que escrevo aqui pode me incentivar de duas maneiras que agradeço demais:
* 💰 - Pode usar minha chave Pix, que é umcontocontadopormim@gmail.com (só não esqueça de me avisar aqui no e-mail, assim posso te agradecer diretamente).
* 📩 Enviando esta carta para pessoas que possam se identificar com a minha escrita.


 

Me encontre em outras redes: https://www.umcontocontadopormim.com.br/ https://www.instagram.com/umcontocontadopormim

Para ler as edições anteriores: https: //tinyletter.com/anamargonato/archive

* Todos os direitos reservados