Cartas para o amanhã - Mergulhos # 16
Amanhã,
Tentei lhe escrever várias cartas, se fosse à mão, teria enchido um cesto de folhas amassadas com frases inacabadas, talvez até sem sentido, ou quem sabe, com um pouco de comoção. Mas a verdade é que às vezes o caldeirão de emoções que me habita transborda e nem sempre consigo transpor em palavras o que as ondas querem dizer, nada do que escrevo parece me traduzir, como se estivesse falando comigo mesma em um idioma que não entendo se quer uma simples saudação.
Nessas horas, só a poesia me salva, somente ela é capaz de tirar do meu oceano a sintonia das ondas, a beleza do caos e as sutilezas escondidas atrás dos recifes.
Portanto amanhã, lhe envio uma singela tradução de pedaços que hoje me compõe. Que seja para você um respiro em meio às dores do mundo, assim como é para mim.
Mergulhos
Se tivesse que escolher
Entre partir ou ficar
Escolheria a encruzilhada
Onde posso ver quem passa
Quem vai, quem fica
E quem, assim como eu
Prefere observar.
Talvez eu seja muito indecisa
Penso enquanto analiso a questão
Mas a verdade é que vejo dois lados em tudo
E isso, acredite
Impacta muita na decisão.
A ambivalência da vida me acomete
Vejo na soma de tudo suas muitas canções.
Hora são triste e amargurada
Hora são esperança e puro coração.
As múltiplas faces
De um único ser
É pra mim o encanto da vida
Um encontro com o imperfeito
No qual a encruzilhada
Parece ser um lugar complexo de se escolher.
Entre ir
Ou ficar
Vislumbrei outro caminho
E em mim
Escolhi mergulhar.
Com curiosidade e afeto,
Ana.
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