Cartas para o amanhã

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Cartas para o amanhã - Sem saber o que dizer #10

anamargonato.substack.com

Cartas para o amanhã - Sem saber o que dizer #10

Ana Margonato
Mar 18, 2021
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Cartas para o amanhã - Sem saber o que dizer #10

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Amanhã
 
Tenho vivido semanas de zero inspiração, às vezes até me pergunto se ela viajou para algum canto que tenha gostado mais de habitar do que aqui, nas minhas feitas. Sei que posso estar sendo injusta, embora na minha cabeça não tenha escrito textos gigantes que surgem do nada, a reflexão está sempre presente e pra mim isso é um sinal de que a inspiração só anda tirando uns dias de folga mesmo, afinal, quem ou o que não anda afetado com esse começo de 2021 não é mesmo.
 
A verdade é que sinto falta dos textos quilométricos, das ideias infundadas que continham uma mistura de verdade com imaginação, numa dança que me levava a acreditar que tudo era possível e que na minha alma habitavam simultaneamente fogo e imersão.As coisas continuam sendo possíveis, porém como que eam acontecendo são aquelas que não gostaríamos que fosse, que não entravam no acervo do meu mundo particular da ficção.
 
 A arte também se manifesta diante do pesar, venho vivendo isso a mais de um ano e acho que você também, é possível surgirem trabalhos maravilhosos diante da dor e do que nos tira o ar. A tristeza e tudo que decorre dela é um grande laboratório da transmutação humana, podemos aprender muito com ela, mas isso não quer dizer que do nosso lado ela permanentemente deva ficar.
 
Em meio a essa avalanche de sentimentos, me vejo em muitos momentos sem saber o que dizer. Não que as palavras não saiam, mas sinto que o que se mantém na superfície não me representa, não traduz o que realmente gostaria de transcrever.Me vejo num dilema, como se o silêncio fosse uma traição, um virar de olhos para a inspiração, por outro lado, vejo na pausa a possibilidade de mergulho, para que possa acessar como camadas que sei estarem ali, mas que preenchido de uma entrega que ainda não me permiti.  
 
E aqui estou, dizendo tudo isso para que eu não me esqueça que a minha presença aqui não deve ser uma obrigação, mas uma troca, que me impulsiona a descer mais fundo no meu mar de indagação. Não me considero tão importante a ponto de achar que minha ausência causasse em ti grande pesar, mas acredito, que a linha tênue que nos conecta é fio difícil de desfazer, pois a arte tem coisas de conectar pessoas e gerar nessa relação, afeto e prazer.
 
Sigo buscando no caos que nos afeta uma conexão sincera com a inspiração, espero desse encontro, transpor o que me habita com clareza, honestidade e talvez um pouco de discórdia, e se não for possível, que eu acolha meus momentos e tenha consciência de que a vida é todinha cheia de fases e, nessa que nos encontramos, parafraseando a maravilhosa Maria Bethânia “ Eu quero vacina, respeito, verdade e misericórdia ”.


E você, o que deseja nesse momento?
Me conta.


Com curiosidades e afeto,

Ana



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Para ler as edições anteriores: https: //tinyletter.com/anamargonato/archive

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