Escre(Ver) não precisa ser solitário.
Li esta frase em algum lugar e concordo. A solidão não precisa ser uma constância na escrita, embora, na minha opinião, momentos de solitude sejam fundamentais para o desenvolvimento de processos criativos. Porém, momentos solo para reflexão e trabalho é diferente de solidão. Ler e ouvir outros autores é também peça indispensável para que nosso repertório se expanda e ideias novas cheguem. E fazer isso em grupo tem um poder inexplicável.
Embora seja uma pessoa bastante sociável, gosto muito de momentos de solitude e flerto bastante com a solidão. Me juntar a outras pessoas para conversar sobre processo criativo, dividir minhas palavras ainda em construção não foi um processo fácil. Se ler para o outro diz muito sobre nós e ao fazer este movimento é possível sentir-se desnuda, aberta a uma leitura de si mais profunda do que gostaria de demonstrar. A tal vulnerabilidade. Fugimos dela, pois o incomodo é grande e nem sempre sabemos lidar.
Mas o que seria a vida se não um grande emaranhado de ambivalências. Na escrita não é diferente. Você se junta a outras pessoas que amam as palavras, mostra partes de si, vem o que é difícil nomear e junto, um mundo se abre. Através das trocas conhecemos também o outro, fazemos leituras alheias e isso é grande. Trocas. Ideias surgem, sugestões que chegam na hora certa. Escrevemos. E não nos sentimos mais tão solitários pois as palavras unem aqueles que se colocam a seu dispor.
Este ano participei desta experiência. Escrever em grupo. Partilhar as dores e delicias do processo. Continuamos. O curso acabou, mas a vontade de dividir não e assim seguimos, sendo suporte e fonte de inspiração mútua.
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Corta para este projeto aqui.
Toda semana recebo mensagens de pessoas que se identificam de alguma forma com as minhas palavras e isso me deixa verdadeiramente feliz. Primeiro porque criar conexões com o outro através da palavra é para mim uma das coisas que mais amo na escrita e segundo porque gosto genuinamente de escrever essas cartas.
Porém, minha vida profissional e pessoal mudou muito nesses primeiros seis meses do ano e nas últimas semanas tenho refletido sobre meus projetos atuais e futuros. Energia de mudança que chamo. Amo quando ela chega. Me mostra o que precisa de mais dedicação, o que não faz sentido manter e eu costuma ouvi-la com respeito e atenção.
Dito isso, preciso confessar algo. A primeira edição extra das cartas, essa que me propus fazer um ensaio ou algo do tipo, não está tendo espaço na minha agenda. As últimas foram feitas na força do “tem que sair” e definitivamente, não foram da forma, nem com a qualidade que gostaria e acredito muito que algo que se faz pelo gosto de fazer deve se alinhar com seu propósito para que chegue nas pessoas como tem que ser.
Pensando nas possibilidades e vontades, decidi manter apenas a edição extra de indicações no final do mês, que é aberta a todos, e criar algo novo, que se alinha com esta vontade de fazer da escrita algo compartilhado, fugindo da solidão.
Proponho encontros mensais, uma espécie de mini oficina de escrita, onde irei propor exercícios, conversar sobre processos criativos que me atravessam no momento e o principal, ouvir outras pessoas e sua relação com a escrita.
Precisa trabalhar com a escrita para participar? Não.
Precisa querer desenvolver um livro ou qualquer projeto literário? Também não.
Basta ser amante das palavras e querer conhecer outras pessoas que compactuam desta paixão.
Quero ser ponte e também andar nela.
Ouvir vocês.
Partilhar a escrita com quem está aqui me apoiando.
Sim, esta proposta é apenas para apoiadores pagos.
Não seria justo (nem viável) abrir a participação de um encontro online para todos os assinantes das Cartas. Por apenas 10 reais por mês você pode participar mensalmente de uma mini oficina de escrita e isso é praticamente um valor simbólico para este tipo de evento. Porém, significa muito para mim. Um apoio moral por assim dizer e um cafezinho na padaria.
Convido vocês que assinam gratuitamente as Cartas e que encontram aqui abraço, reflexões e um pouco de loucura (porque não), a mudarem a assinatura para o plano pago e se juntarem a mim neste encontro que tem tudo para ser uma grande possibilidade de trocas e aprendizados.
Vem me encontrar ao vivo e me contar sua relação com a palavra.
Aos assinantes pagos, em breve encaminho um e-mail exclusivo com enquete de dias e horários possíveis.
Aos que querem, porém ainda não será possível contribuir financeiramente, encaminhem este e-mail aos amigos e curta esta edição no aplicativo do Substack. Isso ajuda a divulgar meu trabalho e por isso sou também grata.
Com curiosidade e afeto,
Ana.
Arrasou, Ana!