Olá!!
Como estão?
Esta é mais uma edição extra para apoiadores!
Tenho quase certeza de que o tempo que fiquei selecionando o conteúdo para trazer aqui foi quase maior do que a elaboração e montagem do texto. Nesta edição quis trazer para vocês alguns livros queridinhos. Aqueles que indico de olhos fechados, que possuem uma história comigo. E olha, isso deu trabalho!
Foi difícil fazer a seleção porque sinto estar sendo injusta com outros livros que também são muito bons, que também possuem uma história comigo. Por isso resolvi trazer seis livros que gosto muito. Ponto. Sem ranking de primeiro lugar, apenas uma breve descrição de porque este livro me toca e eu indico que as pessoas leiam.
Acredito que a literatura vai muito além da estética, estrutura do texto etc. Nossa conexão com um livro é muito intima. Tem relação não somente com a temática e estilo de escrita, mas os lugares que aquele emaranhado de palavras atinge. Os buracos que inundam, as camadas que criam, ou dissipam.
Dito tudo isso, divido com vocês um pouquinho dos meus tesouros literários. Vou discorrer brevemente os motivos pelos quais estão em minha lista e de onde vem esta conexão bem do âmbito pessoal mesmo ok.
Caso curtam este modelo, mandem comentários ou e-mails que prometo outras edições com mais queridinhos da minha biblioteca particular.
Vamos aos livros:
*O mundo de Sofia (Jostein Gaarder) – Um livro com extrema importância na minha adolescência. Embora gostasse muito de filosofia, existiam poucos livros sobre este tema na pequena biblioteca da minha escola. Quando chegou um exemplar de O mundo de Sofia me encantei de tal maneira que li várias vezes. Era tudo novo ali para mim, sem contar que a linguagem utilizada pelo autor ao falar de filosofia conversa totalmente com os adolescentes e crianças que estão quase lá. Este livro criou tantas memórias afetivas da literatura para mim que quando encontrei um exemplar recentemente em um sebo de rua no RJ me emocionei e comprei na hora já imaginando Isis lendo este livro daqui alguns anos.
*O Guia do Mochileiro da galáxia (Douglas Adams) – Um dos livros mais criativos que já li na vida. Douglas Adams me surpreendeu com sua capacidade imaginativa e confesso que só não terminei ainda os 5 livros da série por falta de tempo e abertura para todo o campo criativo que se faz presente ali. É preciso viajar junto para curtir os livros (minha opinião, claro). Este livro chegou para mim em um momento de muito stress e baixíssima energia criativa, uma época em que minha alma era sugada pelo mundo corporativo, fazendo algo que tinha zero identificação. PS: Super indico a adaptação para o cinema do livro.
*Afetos Ferozes (Vivian Gornick) – Li este livro ano passado “a trabalho” pois tem como ponto central relação mãe e filha. Como curadora de um clube do livro que lê mulheres que trazem maternidade e relações familiares como ponto central, leio muitos livros deste universo e, embora ache muitos deles brilhantes e talvez, ousados, Afetos Ferozes foi um livro que me fisgou. Não sei ao certo qual seria o elemento central desta fisgada, talvez a forma como a Vivian conte a sua história com a mãe, talvez porque ela é um tanto quanto irônica e eu gosto disso ou talvez porque ela traz tantos elementos de dor bastante comum nas relações mãe e filha que fique impossível não se identificar. O fato é que este livro é para mim além de um grande compilado da história alheia, uma possibilidade de olhar para nossas relações familiares com mais honestidade e afeto.
*Cem anos de solidão (Gabriel Garcia Marques) – Um livro publicado há 57 anos atrás que continua encantando um rio de pessoas que decidem entrar em suas águas. Eu gosto da ousadia do Gabriel em seus livros, dos incômodos que causa com seus personagens e para mim, Cem anos de solidão foi seu grande momento em mostrar como era bom em fazer isso. Um livro impossível de ler sem olhar várias vezes o mapa familiar inserido lá no comecinho do livro. Você se perde, e tenho por mim que é para se perder mesmo. Se perder naquele universo mágico, naqueles pensamentos muitas vezes desprovidos de razão e ao mesmo tempo, tão próximo de nossos próprios pensamentos. Um livro que me fez amar mais ainda a literatura e só por isso eu já indicaria ele para sempre.
*Eu sei porque o pássaro canta na gaiola (Maya Angelou) – Quando li esse livro fiquei até um pouco preocupada em como me deixo afetar pela literatura. Fiquei uns 15 dias um tanto quanto depressiva. A história da Maya é absurdamente triste e bela, na mesma medida, e eu não sei porque, vivi um pouco dos lutos que ela viveu ali, naquela narração e isso me doeu profundamente. Acho que já falei isso aos quatro cantos do mundo: Sou apaixonada pela forma como Maya escreve. Acho fascinante a costura que ela faz dos fatos, o ângulo que escolhe para a história e a partir dali faz uma verdadeira colcha de palavras que te envolve e te coloca lá dentro, vivendo tudo aquilo com ela. Maya é para mim uma prova de que a literatura vai muito além das palavras, que a vivacidade que se dá para elas é o que torna um livro particularmente especial.
*O oceano no fim do caminho (Neil Gaiman) – Por último, porém nem um pouco menos importante, um livro que costumo presentear as pessoas. Tento traduzir o que me faz amar tanto este livro e acho que são muitos fatores. Ele aborda a infância e a importância que ela tem na nossa vida adulta. Usa da fantasia para trabalhar nossos medos mais sombrios, faz da infância um campo riquíssimo e explora nossa capacidade imaginativa sem subestimar os voos que somos capazes de fazer. Acho que O oceano no fim do caminho é uma grande viagem dentro da gente, capaz de abraçar nossa criança e dar boas-vindas a adulta, que chega na sequência. Um livro que me encanta muito, além do que sou capaz de explicar em palavras.
Espero que tenham gostado de conhecer um pouquinho do meu universo particular literário (o que diz muito sobre mim, inclusive). Quinta estou de volta com a programação normal das cartas.
Com curiosidade e afeto,
Ana