Amanhã,
As ideias se perdem. Misturam-se os diálogos com a lista do supermercado. Personagens se emaranham em meio as roupas sujas. Enredos inteiros escoam no ralo do banheiro junto com a água sanitária. Frases e mais frases desaparecem rente a poeira dos móveis e os pelos de cachorro varridos do chão. Um universo de palavras que chega, e parte, na mesma velocidade.
É preciso bem mais que persistência nos dias em que nada além das trivialidades se mantém entre os dedos. As cenas em tons pastéis com filtro vintage e duração de sessenta segundos se mostram falsas e distantes. O real, na sua crueza por vezes se colore, em outras, é cinza, no mais escuro tom.
Adentrar as profundezas do que se é, sem intenções contrárias ao que está posto, é como andar na garupa do vento. Requer peito aberto e coragem. Maravilhar-se com o hoje é absurdamente mais difícil do que sonhar um amanhã.
Em meio as tantas palavras perdidas, catei essas, com a ajuda do vento, que me lembrou que; hora o sopro derruba, hora, é ele que te mantém em pé.
Com curiosidade e afeto,
Ana.
Na semana que vem apoiadoras das Cartas receberão uma edição exclusiva sobre loucura e escrita: Loucos ou artistas? Um tema que muito me interessa e que se avivou com a leitura de O perigo de estar lúcida de Rosa Monteiro.
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Última chamada para a primeira edição da oficina de escrita Espiral de Memórias que será realizada neste sábado 09/11 das 9:30hs às 12hs - on-line. Teremos uma segunda edição dia 19/11 (terça) das 19:30hs às 22hs.
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E essa carta-poesia maravilhosa? Amei, Ana ❣️
Que edição inspiradora, Ana! A reflexão sobre a passagem do tempo tocou profundamente, especialmente ao lembrar como é fácil nos perdermos na rotina e esquecermos de valorizar o agora. As dicas culturais foram um excelente complemento, oferecendo mais perspectivas sobre o tema. Obrigado por sempre trazer essas reflexões tão relevantes e por nos fazer olhar para o tempo de maneira tão pessoal e cuidadosa.