Nem os sonhos estão colaborando #65

Ondas gigantes, pesquisas online e um belo "faça você mesma"

Amanhã,

Nunca pensei que seria a pessoa que sai por aí falando dos sonhos que teve. Mas acontece que ultimamente, nem os sonhos estão colaborando. Tenho tido o mesmo sonho. Não no mesmo cenário, pessoas e intensidade, mas todos com uma característica em comum, ondas enormes bem próximas a mim, quase me levando mar a dentro.

Cenários amigáveis, pessoas conhecidas ou não, próximas ou não, todo mundo conversando e de repente, o mar surge, com grandes ondas que parecem ser uma ameaça, mas por algum motivo, estamos todos protegidos. Depois de sonhar três vezes com essas tais ondas, fiz o que qualquer pessoa “normal” faz, acessei o bom e não tão velho assim Google e entrei no buraco de minhoca, mais conhecidos como sites de interpretação de sonhos.

Confesso que não sei porque faço isso. Todas as interpretações que encontro para meus sonhos são algo como “grandes mudanças estão prestes a acontecer”, “algo ruim pode estar chegando e seu subconsciente está lhe preparando” e coisas similares a isso que indicam “coisas estranhas e provavelmente ruins”. Yung que me desculpe, mas eu ainda não encontrei as vantagens de se interpretar sonhos e como isto pode afetar positivamente minha vida.

Conversando com uma amiga sobre isso, me disse que algumas pessoas do ramo de interpretação de sonhos sugerem que utilize este material, por assim dizer, como fonte de criatividade. Achei interessante a proposta, quem sabe não escrevo um conto sobre ondas gigantes inofensivas. Ou talvez sobre interpretação de sonhos. Uma mulher que gostaria muito entender tudo que passa pela sua cabeça e faz muitas insanidades em busca de respostas para seus sonhos. Ideia não falta convenhamos.

A verdade é que, para um escritor, qualquer coisa se torna trabalho. Qualquer tema é passível de ser transformado em um texto, um conto, um livro. Acho que isto talvez seja o que mais amo na minha profissão, as inúmeras possibilidades de explorar o mundo. Trazer ao público o meu olhar, a minha voz em forma de palavras. O que pode talvez não ser muita coisa, ou nada para alguém, mas para quem escreve, é o que importa.

Mas retornando aos meus sonhos. Depois de tanto ler os sites interpretativos, resolvi fazer o serviço eu mesma, já que é meu próprio subconsciente quem criou a narrativa toda, achei que fazia sentido, não me julgue. Sonhar várias vezes que algo aparentemente apocalíptico surge, mas, por algum motivo não me mata, nem os meus, é exatamente o que uma pessoa sobrevivente destes tempos pandêmicos pode sentir em seu subconsciente. Sem contar que, além da pandemia, vivemos no Brasil, então não seria de estranhar que até os sonhos entraram no clima de “só um milagre nos salvará”.

Gosto da parte “possíveis mudanças”, aquariana que sou, gosto realmente de mudanças, mesmo que não vá gostar de todas as partes dela. Acredito que de alguma forma tudo isso é também um recado motivacional de mim para mim mesma. Aquele papo “vai com medo mesmo” que falamos para alguém que quer pular do trampolim, mas está com medo do quão será profundo o mergulho.

Talvez tudo isso não faça o menor sentido para você e tudo bem. Mas, se por acaso estiver sonhando com ondas gigantes que lhe deixam ileso no final, já tem aí uma interpretação deste sonho prontinha para ser usada. Vai que faz sentido.

Com curiosidade e afeto,

Ana.

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Semana passada falei aqui sobre o Clube do Livro Dialeto Materno que eu e Fernanda Misumi estamos lançando. Pois bem, as inscrições já estão abertas e sei que sou suspeita para falar, mas está lindo de ver uma comunidade se formando para ler mulheres mães que escrevem coisas incríveis. Para se inscrever basta acessar o link abaixo ou falar diretamente comigo.

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