O carnaval não veio, mas a ressaca chegou #06

Amanhã,
O carnaval não veio, mas a ressaca chegou.
Em meio a um cenário tão desafiador (queria uma palavra melhor, mas não encontrei nada que não envolvesse palavrões) fevereiro chegou, carnaval não veio, mas a ressaca está sendo daquelas que requerem chá de boldo e comida leve por uns dias.
Para muitas pessoas o carnaval é apenas um feriado, pra mim era também até pouco tempo atrás. Faz pouco tempo que comecei a ver no carnaval a arte de renovar o riso no rosto e a alegria de festejar sem qualquer motivo individual aparente, é uma festa coletiva, assim como o natal celebra a família, o ano novo o início de um novo ciclo, o carnaval celebra a festa, renova na sociedade a necessidade do festejar e isso é essencial para que haja esperança.
Sem carnaval, esperança anda desanimada e acho eu que tirou férias.
Nunca me imaginei pensando isso da senhora esperança, sou daquelas que acredita até o ultimo segundo que vai dar certo e às vezes até depois do ultimo segundo sigo acreditando que pode virar, mas confesso que nesses últimos tempos os golpes tem sido de marreta e a senhora que nos ajuda a segurar as pontas anda sumindo sem deixar recado, imagino eu que até ela anda precisando de um descanso.
Mas e aí, como é que segue em frente? Me fiz essa pergunta várias vezes nessas últimas semanas, afinal, a vida é agora e não dá para ficarmos esperando a esperança se recompor pra gente poder viver, é preciso olhar para o hoje e encontrar saídas que nos levem à lugares em que não falte ar.
Talvez me ache um pouco exagerada, já que olhando aí do futuro tudo tem uma dimensão bem menor do que quando se está vivendo ainda algo que um dia se tornará passado. Quando olhamos pra trás tudo fica infinitamente menor do que era quando o presente pulsava na pele a dor de ser quem é.
Aqui, no presente, temos carnaval que não chegou, esperança de férias, ressaca a todo vapor e pessoas sedentas por dias melhoras. A conta não fecha, eu sei, mas há de ter um jeito, há de ter algo em que se agarrar para atravessar esse caminho cheio de pedregulho. Enquanto a esperança não volta há de ter nascer e por do sol que nos lembre de que a beleza mora nas pequenezas, há de se ver graça no tombo na poça d’agua enquanto dança na chuva, no passarinho que sentou na sua janela e cantou uma canção.
Eu me apeguei a um grilo (isso mesmo, não leu errado, um grilo). Em pleno domingo de carnaval apareceu na minha cozinha um grilo enorme, todo cantor, cantava tão alto que mal dava para ouvir o que falava na TV. Grilo dentro de casa é sinal de muita sorte e coisa boa sabia?
Me alegrei tanto com meu visitante que senti que era a própria senhora esperança que retornava de seu retiro meditativo de silêncio. Talvez um pouco exagerada, mas em tempos como esse não se pode perder a chance de esperançar, é preciso olhos atentos e coração aberto para aproveitar os momentos em que a possibilidade de mudança e melhora pareça ser real (ou ao menos possível).
É isso amanhã, sei que você não precisa disso, mas para nós, meros mortais, pequenas pílulas de algo que ative o esperançar é uma questão de sobrevivência e eu só queria lhe contar que tenho conseguido encontrar as minhas apesar de.
Quais as pílulas de esperançar tem sido possível tomar por ai?
Me conta!
Com amor e curiosidade,
Ana.
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