
*** Ao final desta edição temos indicações culturais aleatórias para minhas queridas apoiadoras.
Adentrar o território do imaginário é algo que sempre fiz com certa naturalidade. Não por costume, mas necessidade. Entendo hoje que o criar vai muito além do trabalho na minha vida. É uma forma de ser e estar no mundo.
Por muito tempo escondi a criatividade que me habita, para que não me julgassem inadequada ou esquisita demais. Porém, a idade nos traz muito mais do que rugas e cabelos brancos, um tanto de coragem e indiferença a opiniões não relevantes vem junto no pacote. Debrucei-me naquilo que antes era tido como estranho e encontrei ali o imaginário que me habita.
Não à toa, tenho certa fissura em ler autobiografias de artistas e livros sobre processos criativos. Me interesso em saber como as pessoas adentram seus universos imaginativos, que espaço dão para este grande pulsar e principalmente, como o alimentam para que permaneça vivo, sólido e expansivo.
Em 2022 recebi um convite para criar uma oficina de escrita criativa. No momento, achei aquela ideia insana e sem cabimento. Três anos depois, apenas agradeço a Ana do passado por ter aceito o desafio. Trabalhar com oficinas criativas se mostrou um dos ofícios mais surpreendentes e belos da minha jornada.
Atualmente, com o Nós – Laboratório de escrita este universo imaginário se expandiu ainda mais. Me permiti brincar com as palavras, ir mais fundo. E o melhor, com várias mulheres topando minhas loucuras. Trabalhar com a linguagem é o maior presente que o universo me deu. Encontrar outras pessoas que se jogam neste caminho também, é presente em dobro.
A criatividade é inerente a existência. Crio, logo, existo.
Porém, tenho plena consciência que esta não é uma visão universal. A criatividade é tida como uma habilidade da infância, que deve ser deixada pelo caminho, para abrir espaço “ao que importa”. Nisso, aquele vazio que não se preenche por nada, fica ali, esperando a hora que será visto e alimentado pela pulsão criativa que aguarda ser acordada.
Me sinto absurdamente honrada quando recebo uma mensagem dizendo que ajudei a reacender a chama criativa de alguém. Talvez seja esse meu grande propósito de vida. Trazer à tona aquilo que você já tem, mas se esqueceu.
É certo que acordar o ser criativo que nos habita requer coragem, isso não nego. Eu, por vezes, me pego na esquiva. Para criar é preciso espaço interno, daí as faxinas necessárias. Limpar a rota, para o novo passar.
Mas como tudo na vida tem seus dois lados. Abrir espaço para o desconhecido pode ser a grande reviravolta, mesmo que por hora pareça a grande derrota.
Partilho com vocês o grande pulsar criativo que me habita na intenção de que faíscas criativas acendam aí. Que a vontade de criar seja maior que o medo de não saber o que vem depois.
Com curiosidade e afeto,
Ana
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Na sequência, indicações aleatórias (bem aleatórias e criativas) especialmente para minhas apoiadoras queridas:
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