Cartas para o amanhã

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O match da melancolia #59

anamargonato.substack.com

O match da melancolia #59

Estamos todes tristes buscando identificação em pessoas que possam traduzir em palavras sentimentos tão complexos e difíceis de transpor?

Ana Margonato
Mar 31, 2022
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O match da melancolia #59

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Amanhã,

Estava lendo algumas das muitas newsletters que assino e em uma delas, a Gaía Passarelli, que comanda a News “Tá todo mundo tentando” falou algo que me tocou bastante e bateu identificação na hora. Descrevendo como suas News ultimamente estão com um ar bastante triste e coincidentemente (ou não) o número de inscritos tem aumentado, assim como a taxa de leitura. Aqui tem sido igual e refletindo junto com o raciocínio dela: Estamos todes tristes buscando identificação em pessoas que possam traduzir em palavras sentimentos tão complexos e difíceis de transpor?

Fiquei pensando no meu papel enquanto comunicadora, o que escrevo aqui é um recorte de partes da minha vida que resolvo compartilhar. Chega a cada pessoa de forma diferente e pode ou não ser abraço. Qual é a minha intenção na escrita destas cartas? Esta foi a pergunta que veio até mim e como resposta digo. Não sei. Escrevo porque preciso. Literalmente. As cartas nasceram da vontade de colocar para fora os inúmeros devaneios que me rondam quase que 24hs por dia. Aqui me sinto relativamente confortável em me vulnerabilizar. É meu cantinho seguro onde posso ser eu.

O tom mais melancólico é um reflexo dos meus pequenos recortes. O que indica que muitos processos e vivências dolorosas tem me habitado. Mas também tem coisa boa acontecendo, só não tem sido o que mais pulsa e por isso talvez as dores estejam ganhando lugar de destaque e por consequência, são elas que chegam aqui em forma de devaneios e observações.

Longe de mim achar que devo falar somente sobre o lado positivo de tudo. Isso é no mínimo, sufocante. Tem hora que o que salva mesmo é um “PQP” falado pausadamente que é para sentir a entonação de todas as consoantes e vogais. Tenho tentado encontrar um equilíbrio minimamente saudável entre o copo cheio e o vazio e a News da Gaía me fez refletir sobre isso. O que trago aqui é parte. Mas não é o todo. Tem coisa bonita no meio e eu posso provar.

Este final de semana será a festinha de aniversário da minha pequena, que já não está tão pequena assim e vai completar 4 anos. Do discurso “vai ser só um bolinho” acabou virando um café da manhã em uma pracinha que ela gosta (São Pedro, colabora aí) com pessoas que amam ela. Na sequência vai ter viagem e festinha surpresa na casa da tia que mora longe. Vou tentar me desligar e curtir minha família que vejo pouco e que a saudade é muita.

Os recortes complexos e muitas vezes tristes, são minha marca. Escrevo para entender. Entendo escrevendo (quando tenho sorte). Trago aqui porque sei que angústia é coisa que se tem enquanto está vivo. Mas vou me atentar as pequenas coisas. Aquelas que tiram sorrisos despretensiosos e dores na alma. São essas pequenas alegrias que nos mantém aqui, com vontade de viver.

Com curiosidade e afeto,

Ana

Ps: Semana que vem não tem carta, estarei com os meus. Quero ver, além de olhar, sentir, além de estar respirando.

Para quem quiser ler o texto da Gaía na íntegra:

Tá Todo Mundo Tentando
Tá todo mundo tentando: achar algo bom pra contar
Para ouvir lendo: “Please, Mr Postman” na versão dos Carpenters, sugestão da @janejones na comunidade do TTMT no Twitter (eu explico abaixo) (Youtube/Tidal) Eu sei. Tá foda. Todos os dias são iguais, alguns são piores. Nossa capacidade de espanto segue colocada a prova numa base diária e não raro é difícil pegar no sono. Pensar no futuro atrapalha. Não v…
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a year ago · 13 likes · Gaía Passarelli

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