Amanhã,
*Sob a luz das estrelas, saio com minhas cachorrinhas para o passeio matinal. Sinto a brisa de uma quase alvorada, por vezes ela me leva a um estado de presença, e isso é bom. Em outras, sou lembrada de que o cuidado é uma constância e nem sempre é fácil ou prazeroso executá-lo.
*Ainda antes do amanhecer, movimento meu corpo, sento, medito. Ouço os pássaros acordando e se agitando para o dia que agora se anuncia. Minha mente, por vezes se mantém calma e sente o sol chegar sem muita divagação. Em outras, perde-se na lista de tarefas, nos problemas, antecipa a vida, distanciando-se do momento presente.
*Leio. Por vezes mais, capítulos que escoam rapidamente, nem vendo a hora passar. Em outras, me perco na tela, vejo um tanto de coisas inúteis e ótimas motivadoras da ansiedade. Mais uma vez, o tempo passa depressa, porém, sinto que este, eu perdi.
*Monto a mesa do café da manhã. Repito o discurso da importância de frutas na primeira refeição (é para ela ou para mim mesma?). Conta-se um sonho, uma história, um problema, angústias, medos, alegrias, expectativas. Cabe um mundo dentro de uma refeição feita junto com quem queremos bem.
*Em alguns dias, segue-se trabalho para uma, TV para outra. Em outros, compromissos para ambas, uma que leva e a outra que faz. Almoço, mais uma vez um mundo que ali se cria. Uma vai para escola, a outra volta ao trabalho, misturado com a tal da vida adulta, que acrescenta nesse meio tempo um tanto de tarefas domésticas, burocráticas e por vezes, se tiver sorte, um café com uma amiga.
*Novamente passeio com as cachorras, desta vez acompanhada de uma garotinha de patinete. Banho, conversas, jantar, livro e se ainda tiver energia, uma meditação conjunta. Todo mundo dormindo até 21hs. Sonhos. Patinha na cara pedindo passeio. Começa tudo outra vez.
Os dias se preenchem de uma rotina um tanto quanto metódica, um pouco organizada, talvez cheia demais. Um aglomerado de recortes anfêmeros, que se constroem, um após o outro, encontrando no meio disso tudo, alguma peculiaridade, sincronias, e se reparar bem, pequenas magias.
Não sei dizer quando foi que combinaram que a vida, para ser considerada bem vivida, tem que ser glamorosa, cheio de dias extasiantes, altamente fotografáveis e claro, mostrável, para o maior número de pessoas possíveis.
Eu gosto dos momentos em que a fotografia fica bonita, mas detestaria estar presa neles eternamente. Os dias, comuns, dão espaço para uma existência que me permite observar, sentir a vida nas pequenas coisas. E encontrar felicidade, nelas, nas horinhas de descuido.
Com curiosidade e afeto,
Ana
Eita que temos….
Um dos trabalhos que exerço na literatura é a realização de oficinas de escrita. Porém, no inicio deste ano pausei todas elas. Os motivos foram vários e certamente daria uma carta o elencar de todos eles. Mas o principal foi uma grande necessidade de revisão do meu propósito, meu estar no mundo. Durante todos esses meses refleti sobre o que realmente gostaria de ofertar e qual a melhor forma de fazer.
O resultado deste “sabático” foi: As oficinas estão de volta! E voltando com tudo (cheia das muitas ideias, como sempre). E digo mais, teremos uma última oficina este ano, para celebrar este retorno e encerrar este ciclo da melhor forma. Ainda não vou divulgar qual oficina será, mas salvem a data aí: 19/11.
Este período de introspecção me mostrou que levar a palavra ao outro é algo que pulsa aqui dentro, as oficinas são um grande aprendizado e a criação de elos que a palavra é potentemente capaz de criar, me alimenta de forma profunda.
Levar a potência da palavra para as pessoas, através das oficinas, é algo que amo demais fazer. Espero que essa energia que me guia neste caminho, chegue também a vocês e seja tão transformadora, como é para mim.
Para quem chegou aqui recentemente e quer receber informações sobre as oficinas, preencha este formulário aqui, que lhe envio todas as novidades, sem precisar depender de redes sociais para se informar.
A poesia na sua escrita, Ana 💜 Obrigada por colocar os óculos que aquecem o coração nos dias comuns 💜
Que lindo. Beleza na rotina simples é algo bem legal de perceber, né?
Um beijo.