Por mero prazer #91
Sem precisar provar nada para ninguém, principalmente para nós mesmos.
Amanhã,
Qual foi a última vez que fez algo pelo simples prazer de fazê-lo, sem curtidas ou o tique de tarefa cumprida em alguma lista infinita? São tantas as tarefas, eu sei, deixamos de lado o que não gera algum resultado, o que não dá (nos critérios capitalista) lucro. Mas que resultados isso gera em nós?
Me vejo inserida nesta dinâmica de forma sistêmica. Amo ler e, de quase um ano para cá tenho lido em sua grande maioria “livros que tenho que ler”. Com o clube do livro em pleno vapor tenho lido muitos livros que se relacionam com a temática maternidade/relação mãe e filha na busca de criar próximos ciclos de leitura dinâmicos, variados e com livros que tenham a agregar o público.
Mas, como tudo na vida, contém aí os prós e contras. Li muitos livros fantásticos este ano, conheci escritoras que gostaria de ter conhecido anos atrás. A lista de prós é enorme. Porém isso não isenta o fato de que não tenho conseguido vivenciar a leitura como gosto, ser surpreendida nas mais diversas temáticas. Poder escolher o que quero ler, naquele momento.
Eis que peguei para ler Pachinko, da sul coreana Min Jin Lee, um dos “livros que precisava ser lido”. De cara já descartei a possibilidade de inserir ele no clube. Mais de quinhentas páginas, um clube do livro que possui majoritariamente mães de crianças pequenas inserir um livro tão longo assim não seria viável, ao menos não agora. Mesmo não sendo mais “leitura obrigatória” me vi lendo as primeiras páginas do livro e assim, horas depois, esfregando os olhos para não dormir, lá estava eu absurdamente encantada com o enredo e as tantas reviravoltas.
Foi o livro que li mais rápido durante todo o ano. Eu queria ler este livro. Não teria nenhum tique na lista, muito menos estava interessada em resenhar para Instagram ou algo do tipo. Era apenas por mero prazer e isso me trouxe até aqui, com esta reflexão sobre as tão poucas possibilidades que temos hoje de fazer algo simplesmente porque estamos afim de fazer sem precisar provar nada para ninguém, principalmente para nós mesmos.
Parece pequeno, mas fazer algo por prazer nos alimenta. Inflama chamas internas que por vezes, ao estarem quase apagadas, restringem-se a apenas nos manter vivos. Seja lá o que você tenha imenso prazer em fazer, faça. Deixe que a satisfação ultrapasse a obrigatoriedade. Que as pequenas atitudes nos leve a caminhos surpreendentes, onde é possível sonhar com liberdade e prazer.
Com curiosidade e afeto,
Ana.
Últimos dias para se inscrever no Dialeto Materno deste mês e ler A filha primitiva. O encontro ocorrerá dia 21/11 às 20hs com a participação da autora, Vanessa Passos. Vem que vai ser bonito gente!
Já deram uma olhada na programação da Oficina: Cartas que nunca escrevi?
Vai ser uma bela oportunidade de dialogar sobre esse gênero textual tão potente e também escrever cartas conosco. Dia 10/12 das 09:30 às 11:30. Não percam esta oportunidade de acender chamas da escrita e terminar o ano com novos olhares para o futuro.
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Pachinko foi a melhor leitura do ano, simplesmente não conseguia parar e amei cada página. Foi um ótimo exemplo de como passar o tempo com prazer, com emoção, alimentando a alma ♥️