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Na onda pela celebração da minha grande pequeneza aqui neste espaço e na vida fora dele, trago constantemente divagações sobre o comum e uma vida pautada em apenas ser. Hoje, faço um recorte de um tema que se alinha muito com a caminhada rumo a este comum que tanto me brilha os olhos. As indicações ao final desta edição seguem o mesmo rumo: Leituras que considero belas em sua essência, vídeos que dialogam com a temática e claro, coisas bonitas que passaram por aqui e não possuem nenhuma utilidade aparente, além do encanto em existirem.
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Viver uma infância e adolescência na qual as “personalidades” estavam todas acumuladas na TV e nas revistas criava claramente a ideia de que ser famosa, rica, “de sucesso” era para poucas. E, para o bem ou para o mal, ter um território entre o glamour e a vida “comum de quase todo mundo” bem delimitado trazia um certo alivio. Afinal, quase ninguém era cobrada de se tornar uma dessas grandes pessoas. Ser comum e ter uma vida compatível com esse status era o esperado.
Corta para 2025. A grande maioria das pessoas continua vivendo “uma vida comum”, porém, agora lhe dizem que isso é meramente uma escolha. E pior, lhe fazem acreditar que somente a SUA vida é comum enquanto os demais estão “voando alto por aí”. Dia desses vi um vídeo que mostrava a total incoerência entre a rede social de alguns conhecidos desta pessoa e a vida real delas. A começar pela aparência que, diante de tantos filtros deixava-as irreconhecíveis. Assim como a rotina, que nada se assemelhava ao que realmente era vivido.
“Mas todo mundo já sabe disso”, dirão. Saber, sabemos, porém, somos seres sociais, altamente sugestionáveis. As escolhas feitas são muito menos individualizadas do que se pode perceber. Afinal, quem nunca comprou ou quase comprou algum produto após um vídeo dizendo o quão você seria mais feliz, bela, inteligente, bem-sucedida, se adquirisse aquele maravilhoso item? (Com vergonha ou não, há de se admitir que aqui ninguém passa ilesa).
Sim, estamos todas no mesmo barco. Algumas mais cientes e já enxergando o iceberg ao longe e outras ainda dançando ao som dos violinos distraída. Porém, o incomodo chega para todo mundo, seja pelo clássico “estou fazendo um detox da rede tal”, seja pela própria percepção corporal diante do incomodo de se ver distante do sucesso aparentemente coletivo. Dói, fisicamente, a sensação da solitária invalidez individual.
Vivemos um fracasso coletivo, sentido com exclusividade. Talvez um dos grandes males nisso tudo seja essa massacrante ideia de que temos que ser grandes em tudo, absolutamente tudo. Uma importância tal que, até naquilo que consideramos falha, há de ser colocado um holofote para que assim alguém lhe dê uma mísera moeda de ouro, uma medalha que prove que enfim, você está no roll das importâncias do mundo digital. Nem que seja se humilhando e fingindo rir das suas dores.
E o mais complexo disso tudo é que até a mais inteligente de todas caí, pois não é um jogo feito para que escolha ou não estar nele. É um jogo que já perdemos, todos. Não atoa a grande e milagrosa solução encontrada pelos mais elevados espiritualmente é
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