Caminho das palavras #140
“A beleza que você vê nas coisas, é um reflexo da beleza que existe em você”
Amanhã,
Dia desses ouvi alguém citando um ditado que dizia ser Árabe, com a seguinte frase: “A beleza que você vê nas coisas, é um reflexo da beleza que existe em você”. Não sei afirmar se é realmente um ditado árabe, ou sequer é um ditado (afinal, internet, terra de ninguém), mas fiquei refletindo sobre a frase pois recentemente uma amiga havia me dito algo muito parecido com isso.
Sempre ouvi que aquilo que admiro no outro é o que quero ser e aquilo que detesto, é meu reflexo, minha sombra. Em uma conversa profunda com esta amiga, ela me disse: “Não, isto não é verdade, você só admira aquilo que reconhece. O reconhecimento vem do fato de existir isto dentro de você”.
Pensava ser uma forma de negar a sombra. Hoje, vejo que é mais fácil negarmos aquilo que temos de bom, do que nossos defeitos. A sombra parece estar na ponta da língua, já o belo, é colocado como soberba, falta de humildade. Quem nunca se envergonhou em dizer que sente orgulho de si por tal característica?
Em dezembro, na tentativa de encontrar o belo nos passos dados, fiz o que chamei de caminho das palavras. Nomeie minhas experiências de 2023 com elas. As mais significativas: Sobrevivência e amizade. Liguei o modo “só por hoje” o ano todo e ele só se manteve firme pelas pessoas que se colocaram ao meu lado, estendendo as mãos quando isso se fazia necessário (mesmo quando não percebiam que era isso que estavam fazendo). Cheguei ao final do ciclo de 365 dias em pé e com muito mais amigos do que no ciclo anterior.
A síndrome da impostora, que adora surgir nos momentos mais inoportunos, me questionou o merecimento destas amizades. Eu, quase dando razão para ela, fui surpreendida com um final de ciclo regado a amizades, algumas novas, inclusive. Achei simbólico, e aos que acreditam, uma bela mensagem do universo.
Continuei com o caminho das palavras e fui ousada. Nomeei o ciclo que se iniciou, que é para nortear as estradas que ainda não pisei. À neblina que se apresenta a minha frente eu digo: Autenticidade e abundância. Escrever palavras que genuinamente digam quem eu sou, de onde venho e para onde desejo ir. Abundância, das amizades, de trabalho, de pagamentos justos e generosos. De sentir-me merecedora.
Ontem fez um ano que me separei. Não falei sobre este evento por aqui e talvez demore um tempo para abordar o tema com mais intimidade, como sabem que acabo fazendo (as palavras me guiam nesta direção). O fato é que achei simbólico, só ontem, as palavras para este novo ciclo chegarem até mim.
O tempo é potestade de tantas maneiras. Para o plantio, é preciso preparar a terra, esperar que o adubo faça seu trabalho, só depois plantar, no momento correto, aguardar o nascer e crescer, para enfim, colher, no tempo adequado. O período de espera é absurdamente maior do que o momento da colheita e não sei para você amanhã, mas isto por vezes me angustia.
Autenticidade e abundância. Palavras que significam gestos, escolhas, estradas. E o mais importante, palavras que devem ser usadas majoritariamente no intervalo entre o pisar na terra e o colher os frutos de tudo que plantei. Utilizadas no entre, mais conhecido como “os dias que não morri”.
Com curiosidade e afeto,
Ana
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Ana, minha amiga, estamos alinhadas em palavras. Uma alegria foi ter feito parte das suas amizades.
Ana, um 2024 leve e lindo, com graça, saúde e amor! Obrigada pelos textos lindos que me acompanharam em 2023. 🧡