Amanhã,
Concluí recentemente que eu não sei para onde quero ir. Achei que sabia, mas agora vejo que talvez meus planos não se alinhem tanto com os do universo e quem sabe, coisas ainda não sonhadas aconteçam. E tudo bem, não saber para onde quer ir é uma bela oportunidade de sonhar mais e melhor.
O fato é que por muito tempo eu também não sabia de onde tinha vindo. Afinal, ter vergonha de suas origens é um total desconhecimento de si.
Somente uns anos atrás fiz as pazes com a Ana adolescente que morria de vergonha de descer da Brasília amarela do seu pai toda suja de barro na rua principal da sua cidade. Isso denunciava que eu era da roça, fato este que tentava de todas as formas esconder.
Demorei para encontrar minhas verdadeiras palavras. Quando finalmente as vi chegando, constatei que eram marrons, da cor da terra e cheiro de café colhido secando no terreiro. Foi um encontro de muitas faces. Dali em diante, o caminho se fez outro.
Escrever ancorada nas minhas origens tem sido minha grande magia. Não saber para onde quero ir me parece agora, inclusive, natural, transições requerem tempo de maturação. Porém, saber de onde eu vim é o sustento das minhas palavras.
Escrever com os pés sujos de barro, esta é minha potência.
Com curiosidade e afeto,
Ana
PS: Obrigada
querida por sempre me ajudar a me lembrar de onde vim e o quão isso me guia e me move.*****
Começa amanhã, se correr, bem rapidinho, dá tempo.
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Amiga querida, nada é por acaso. As palavras chegam na gente e pra gente, quando há de chegar.
Que carta mais linda, Ana. Tão essencial saber de onde viemos e honrar esse caminho, né? Vou guardar comigo no coração e deixar o pensamento voar, refletindo se tenho feito isso nos últimos tempos. Obrigada!