Amanhã,
Fui incumbida da difícil tarefa de escrever algo para as professoras da escola da minha filha. Sim, considero uma tarefa muito complexa, falar sobre educação em tempos tão incertos e obscuros. O que dizer às guardiãs do futuro? Se as crianças são a esperança do amanhã, são as professoras, as protetoras, na linha de frente, de todo esse tesouro.
Me parece um pouco estranho, falar em tesouros e guardiãs, sabendo muito bem que a valorização dada à infância e suas protetoras, é ínfima, se comparada a importância necessária. Por isso acho tão difícil falar sobre educação e educadoras, sem tocar em feridas abertas e expostas, a muito, muito tempo.
Mas falar sobre educação, em especial no Brasil, é falar sobre esperança. Sim, são as crianças a esperança do dia que não sabemos se virá. Assim como são as educadoras uma das maiores fontes de inspiração de como se manter viva essa esperança. Como esperar o próximo dia com entusiasmo e vontade, mesmo não tendo garantia alguma de sua chegada?
Paulo Freire nos diz “Não se pode falar em educação sem amor”.
Durante um bom tempo acreditei ser esta frase Poliana demais. Hoje, entendo exatamente o que Freire queria dizer. Não, não tem como falar em educação sem amor. É preciso transpor barreiras que vão além do compreensível dentro da lógica capitalista quando se pisa em uma escola pública no Brasil.
O amor é o que sustenta. A educação e suas educadoras não se manteriam em pé sem ele. E quando digo amor, não falo daquele amor romântico, mas uma força motriz, uma crença que firma as que acreditam que através da educação é possível construir uma sociedade melhor. E acredite, isso não é pouca coisa.
Retomo a minha pergunta inicial. O que dizer às guardiãs do futuro?
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Lembro do rosto das minhas professoras de infância como se tivesse acabado de revê-las
Agora.
Num exercício perpetuo de existência.
Lembro delas não somente pelas palavras que me foram dadas como presente.
Mas pela importância
Que se fizeram no corpo habitado outrora por uma criança que não deixa de existir.
Nem que eu quisesse.
A presença de uma educadora na vida de uma criança se dá
Sem exagero,
Como o sol se dá a terra.
Sinto profundamente por aqueles que não puderam ou não podem,
Vivenciar esta marca.
Na impossibilidade de lhes oferecer algo maior
Oferto aqui minhas palavras
Que vejam só
Ganhei de uma professora.
Para encerrar, nas palavras de Rubem Alves;
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais. ”
Com curiosidade e afeto,
Ana
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Achei linda essa imagem das guardiãs do futuro!
Lindo, Ana! Sou filha de professora e fui professora de escola pública alguns anos. Realmente é o amor que move. Obrigada 😊💚