Amanhã,
Há sempre um silêncio, que antecede.
A casa vazia
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O corte novo de cabelo que parece dizer algo sobre alguém que ainda não conhece.
Sempre ele, o silêncio
Dizendo coisas que não quer ouvir
Soprando os prazeres e desprazeres
Do mistério
Que não perdoa
Nem os mais descolados.
Cospe frases do livro até então lido com desatenção.
Exige seu espaço,
É no silêncio que reside todas as palavras que ainda vão nascer.
E eu,
Na impossibilidade da fuga
Me entrego.
Silêncio
Aqui estou.
Com curiosidade e afeto,
Ana
Sobre o livro que estou lendo. Uma fala da autora que se conecta profundamente com o que (tentei) abordar na carta passada e provavelmente, nesta também.
“Surgiu, então, da necessidade de encontrar uma linguagem e um processo criativo que se aproximasse dessas mudanças. Um fazer literário que fosse uma aproximação aos saberes dos povos indígenas, seu olhar para a natureza, para o ser humano, para outras subjetividades. Resumindo, trata-se de um sair de si, tanto no sentido de estar fora de si, da razão costumeira (ocidentalizada), como de ir além da própria individualidade. A pergunta que eu me fazia, afinal, era como criar, como narrar para além das minhas certezas, da técnica, das “regras de etiqueta” dos manuais”.
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Eu tenho uma amiga poeta.
Fiquei com a imagem poética do silêncio como útero de palavras. Obrigada pelo poema!