Sonhar tem futuro? #178

adentrar o onírico nunca é “só” alguma coisa.

Katerina_Bokova_Art

Amanhã,

Sabe àquela pessoa que fala de um assunto e apenas dele por tempo suficiente para que os amigos e pessoas mais próximas não suportem mais ouvir sobre o tema? Então, eu não sou ela. Costumo me interessar por uma gama tão extensa de coisas que as conversas seguem um ritmo um tanto frenético (e sem muito nexo). Os amigos já sabem: No meio de um assunto teórico cabe uma receita, diante de uma discussão filosófica acalorada adentram fofurices de criança e por aí vai.

Porém, alguns temas me são mais caros que outros. Afinal, quem nunca se viu não apenas absorto por determinado assunto, mas vivenciando experiências que se alinham e se atrelam totalmente a ele, o que torna tudo muito mais potente e, claro, lhe impulsiona ao compartilhamento de todo aprendizado.

Foi assim com o veganismo (aqui aprendi a não querer impor nada a ninguém - não mais). E agora vem o onírico, com força total para me mostrar a grande ilusão do controle e como as coisas simplesmente acontecem, e bem, é isso.

Só que dessa vez eu fiz o movimento contrário. Internalizei a experiência. Escolhi a dedo as pessoas com quem dividi os processos e aprendizados. Não por falta de confiança, e sim pela necessidade de introspecção. Consciência de que nem tudo precisa ser compartilhado pois nem tudo seria entendido e, mesmo que fosse, não é do outro, é meu.

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*Em outubro de 2024 comecei a observar meus sonhos.

*Em dezembro de 2024 decidi que uma das metas de 2025 seria uma oficina de sonhos (mesmo não tendo a menor ideia do que isso queria dizer).

*Em fevereiro de 2025 senti de convidar uma amiga para alguma parceria de escrita. Na reunião ela me diz: “Gostaria muito de criar com você uma oficina de sonhos” – Ri alto – O universo me surpreendeu bonito naquele dia.

Sem a menor ideia de que rumo tudo isso tomaria, eu e Marina passamos a compartilhar diariamente nossos sonhos via mensagem. Dificilmente conseguiria explicar em palavras o que tem sido esta vivência. Apenas dica da vida (mesmo que não tenha pedido nenhuma): Compartilhe seus sonhos com mais pessoas que se interessam pelo tema, porém, apenas faça isso se estiver disposta a viver transformações profundas.

*Em abril de 2025 passei a usar o tarô como ferramenta auxiliar na interpretação dos sonhos, junto com ele, o polêmico ChatGPT (nunca tinha usado antes, porém, para esta especifica finalidade recomendo fortemente).

*Em maio de 2025 nasceu oficialmente CRONOGRAFIAS – Do sonho à matéria. Poderia dizer que é apenas uma oficina de escrita e nada mais. Contudo, já tenho vivências suficiente para afirmar que adentrar o onírico nunca é “só” alguma coisa.

*Em junho de 2025, vulgo, agora, cá estou dividindo uma pequenina parcela deste processo interno que expandiu para o externo pois sinto que, ao aprender determinadas coisas, tens por obrigação partilhar, para que chegue em quem tem que chegar e se assim for, ser também um instrumento transformador.

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Só hoje tenho consciência de que minhas oficinas possuem uma profunda conexão com os meus processos internos e que, quer eu queira ou não, levo essa energia comigo para quem está disposta a adentrar em suas sombras também. Tem sido assim no Nós Laboratório – Um pedido forte e contínuo de entrega, constância e humildade em ouvir coisas difíceis.

Aceito que sou profunda e profunda serei no meu trabalho – Tenho pensado em colocar uma plaquinha de “PERIGO – Esta oficina não é “só” uma oficina – Te leva para mergulhos profundos – Dali não se retorna igual”.

Aceitar a profundidade é também excluir a “utilidade” daquilo que faz. Uma oficina de escrita não é útil, ela é. Um espaço no qual você pode, se quiser, conhecer outras camadas de si, do outro e a partir dali, explorar a vida e as suas tantas possibilidades. É um universo, bem diante de você – esperando ser sentido e vivenciado.

Sonhar tem futuro? Me perguntam.

Sonhar é o futuro – Respondo.

Somente quem sonha, cria caminho, para se pisar com os dois pés no chão.

Com curiosidade e afeto,

Ana

Leituras que me atravessaram nas últimas semanas:

Então é meio do ano / e o que você fez?

Uma leitura bem delícia!

Um texto inspirado no último mês do Nós Laboratório (amei amei)

O modo de um corpo estar no mundo

É fundamental sentir

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