Achei curiosa sua percepção porque embora eu já tenha vivido situações semelhantes, sempre com essa vergonha de estar incomodando, nunca pensei nisso como um marcador de classe social. Mas faz sentido.
Eu costumo associar mais com essa lógica cultural nossa de que servir as pessoas é fazer um favor, então você está incomodando. Mas essa lógica vem dessa relação classista mesmo, na qual ser servido é apenas pra quem pode.
É uma construção feita a conta gotas né. Eu tenho visto a construção disso observando a infância da minha filha. Dia desses estávamos na casa de uma pessoa que tem diarista (aqui em casa não tem, ela nunca havia tido contato com esse trabalho anteriormente), viu a diarista chegando e limpando os cômodos, ponto. Dias depois do nada ela diz "nossa na casa de fulana acontece uma coisa muito estranha, uma mulher aparece lá e começa a limpar as coisas, que negócio engraçado". Isso me gerou uma grande reflexão, qual será a visão da minha filha sobre o servir comparado com o de outra criança que cresce vendo uma pessoa que não reside ali limpando a sujeira da casa dela? ( Que fique claro que não tenho absolutamente nada contra alguém pagar por este serviço), mas a forma como isso (apenas um exemplo dentre milhares ), vai reverberar nessa criança depois de crescida vai determinar se ela se sente no direito de ser servida ou não.
"para apreciar coisas bonitas, é preciso saber que elas existem" - amei essa frase.
E com relação ao texto, concordo muito e faço outro marcador além da classe social: o sexo. Mulheres são socializadas para agradar e, imagina sair da loja dando trabalho e não comprar nada...
Também tenho uma visão sobre o "servir", quando li tudo sobre o amor de Bell Hooks, ela fala bastante sobre essa construção de relacionamentos que passa pela ação do "servir" e neste sentido acho que a sociedade precisa muito compreender e executar esse "servir" para o bem das nossas relações.
Mas a subserviência imposta de acordo com a classe social é massacrante e você descreveu de forma brilhante nesse texto.
Sim! O gênero é outro determinante que pode amenizar ou potencializar os incômodos, ser mulher é ser socializada para servir, se fizer parte da classe trabalhadora então, o servir é em dobro.
Achei curiosa sua percepção porque embora eu já tenha vivido situações semelhantes, sempre com essa vergonha de estar incomodando, nunca pensei nisso como um marcador de classe social. Mas faz sentido.
Eu costumo associar mais com essa lógica cultural nossa de que servir as pessoas é fazer um favor, então você está incomodando. Mas essa lógica vem dessa relação classista mesmo, na qual ser servido é apenas pra quem pode.
É uma construção feita a conta gotas né. Eu tenho visto a construção disso observando a infância da minha filha. Dia desses estávamos na casa de uma pessoa que tem diarista (aqui em casa não tem, ela nunca havia tido contato com esse trabalho anteriormente), viu a diarista chegando e limpando os cômodos, ponto. Dias depois do nada ela diz "nossa na casa de fulana acontece uma coisa muito estranha, uma mulher aparece lá e começa a limpar as coisas, que negócio engraçado". Isso me gerou uma grande reflexão, qual será a visão da minha filha sobre o servir comparado com o de outra criança que cresce vendo uma pessoa que não reside ali limpando a sujeira da casa dela? ( Que fique claro que não tenho absolutamente nada contra alguém pagar por este serviço), mas a forma como isso (apenas um exemplo dentre milhares ), vai reverberar nessa criança depois de crescida vai determinar se ela se sente no direito de ser servida ou não.
Amei esse texto, eu sinto muito esse mal estar de estar em um "local que não é pra mim, ou seja, minha classe social"
Tudo está atrelado a nossa classe né, saber disso deixa o incômodo um pouco menor e com sorte nos impulsiona a mudanças....
UAU. que texto maravilhoso, Ana!
"para apreciar coisas bonitas, é preciso saber que elas existem" - amei essa frase.
E com relação ao texto, concordo muito e faço outro marcador além da classe social: o sexo. Mulheres são socializadas para agradar e, imagina sair da loja dando trabalho e não comprar nada...
Também tenho uma visão sobre o "servir", quando li tudo sobre o amor de Bell Hooks, ela fala bastante sobre essa construção de relacionamentos que passa pela ação do "servir" e neste sentido acho que a sociedade precisa muito compreender e executar esse "servir" para o bem das nossas relações.
Mas a subserviência imposta de acordo com a classe social é massacrante e você descreveu de forma brilhante nesse texto.
Sim! O gênero é outro determinante que pode amenizar ou potencializar os incômodos, ser mulher é ser socializada para servir, se fizer parte da classe trabalhadora então, o servir é em dobro.